Preparem seus bolsos. Não, sério, prearem mesmo. A Cia. das Letras, em seu novo selo Quadrinhos na Cia. está prestes a lançar a primeira leva de ótimas graphic novels aqui em território tupiniquim. Li a matéria no Omelete, mas de qualquer forma, seguem as informações.
Eu sinceramente estou MUITO satisfeito com a escolha dos títulos, com os preços e com o que parece ser um início comptentíssimo em publicar bem HQ por aqui, por parte da Cia das Letras.
O que vem por aí:
O Chinês Americano, de Gene Luen Yang. Tem 240 páginas coloridas e custará R$ 47,50. Não tenho muito o que comentar, pois não li ainda. Mas American Born Chinese é uma das graphic novels mais elogiadas e comentadas dos últimos tempos. Ganhou prêmios e tudo mais. Não que isso seja suficiente pra se ler. Mas parece ser o tipo de história que me agrada. Auto-biográfica, sincera, sentimental.
Jubiabá, a adaptação da obra de Jorge Amado por Spacca, terá 80 páginas coloridas e vai custar R$ 33. Spacca é um dos quadrinistas brasileiros que eu mais gostaria de conhecer. O cara´e uma máquina de produção, sempre com ÓTIMOS trabalhos. Depois que vi em Piracicaba uma exposição de esboços, estudos e originais de um de seus trabalhos, pude entender seu processo e o admiro mais ainda. Vale a pena ver, até porque é uma obra baseada em literatura brasileira.
Nova York: A Grande Cidade reúne quatro álbuns do mestre Will Eisner: Nova York, O Edifício (já publicados no Brasil, mas esgotados), City People Notebook e Invisible People (inéditos). O livro sai com 430 páginas em preto-e-branco, introdução de Neil Gaiman (Porra, Neil Gaiman, cara!), um desenho inédito de São Paulo por Eisner (!!!) e preço sugerido de R$ 55.
Nem preciso falar de Will Eisner. O cara foi um GÊNIO, um MESTRE para todos que trabalham ou gostam de HQ. Mesmo quando a história não é lá essas coisas (acontece com todo mundo, afinal), a arte é primorosa.
E por fim, mas na verdade, mais importante de todas, a minha querida e adorada Retalhos, de Craig Thompson, será a tradução da renomada Blankets, considerada uma das graphic novels fundamentais do reconhecimento dos quadrinhos como literatura nos EUA. Tem 590 páginas em preto-e-branco e custará R$ 49.
Essa merece um pouco mais de rasgação de seda (rasgar seda, retalhos, hãn, hãn??... ).
BLANKETS tem um valor inestimável para mim. É a prova de que HQs podem ser algo extremamente intimista, sensorial, e perigosamente auto-biográfico. Tudo que eu uso em Pieces. Conheci Blankets quando já produzia a Pieces.
Um belo dia em São Paulo, quando a cidade ainda não era tão entendida por mim (eu quase nunca ia e mal conhecia as coisas por lá), fui com minha ex-namorada numa Livraria Cultura, que tinha a amior prateleira de quadrinhos que eu já tinha visto na vida. No meio daquilo, a Ju pegou um livro grosso e pesado, em PB, com uma capa simples, mas singela e bonita, com o nome Blankets. Ela folheou, virou pra mim e disse: "Olha, parece com a Pieces!"
Eu não comprei Blankets aquele dia. Foi tanto um erro quanto um acerto. Acabei levando mais uns 2 anos, ou mais, pra conseguir de fato ler Blankets. E li na hora certa. Hoje Blankets está no top 5 de obrasem HQ pra mim. Se não, no primeiro lugar. É tudo que eu queria fazer, é um tipo de guia pra me conduzir no meu caminho com a Pieces e outros trabalhos.
Fiquei muito feliz quando soube que ia sair aqui. Não gostei tanto da capa nacional quanto gosto da versão que tenho aqui, muito mais singela e com um azulado que combina melhor com a história do que os amarelos, mas caramba, é Blankets.
Aí meu medo passou a ser o preço e a tradução do nome. E não é que eles acertaram nos dois?
Na verdade, agora pensando na tradução do nome da novel, fico feliz pela minha decisão de não traduzir Pieces pra português. Realmente um nome em inglês pra uma HQ nacional pode não ser muito condizente, mas RETALHOS seria o título mais próximo de uma tradução de Pieces que eu poderia chegar, tanto pelo significado dela ser mais interessante que somente "pedaços", como pela sonoridade.
Então, sem mais, leiam. Quem curte Pieces vai gostar muito de Blankets, e pode servir de prenúncio pra algo que eu pretendo fazer em algum momento da minha vida. Daqui uns bons anos, quem sabe. Algo do mesmo porte...
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Mais um pouco:
1. Sobre os comentários que recebi na última postagem (até a postagem desse aqui, eram 7!): OBRIGADO!!! Eu andava achando o blog abandonado demais, depois de uns bons 5 posts sem comentário algum. Agradeço de coração mesmo a vocês que se uniram aos meus 10 followers (do Feed, inscrevam-se lá também!) e consideraram minhas singelas palavras como algo digno de ser lido e seguido. Estou renovado, desde ontem, pelos seus comentários, e pelo trabalho que finalmente rendeu em e satisfez. Logo eu vou postar novidades aqui. Quem sabe um Pieces inédito, exclusivo pro Blog?
2. Aline! Claro que lembro de você! Como estão as coisas? Eu comentei a idéia de algum evento do Quarto Mundo e, Curitiba, mas nosso agente infiltrado aí, o Leo Melo, falou que talvez não renda, teria que ter um evento maior pra chamar muita gente. De qualquer forma, se ele não tiver a Pieces por aí, você pode encomendar comigo mesmo, eu mando pelo Correio e autografada! É só mandar um e-mail!
3. Pelo que andei vendo, a Café Espacial 4 já está prontinha! É só aguardar o lançamento. Va iser minha terceira colaboração consecutiva com essa grande publicação, capitaneada pelo meu amigo Sérgio Chaves e pela querida Lídia Bassoli (tem mais alguém que eu não coloquei?). Dessa vez, depois de uma HQ solo, e uma em parceira com a minha sis Mariana Guerra, agora é parceira com um velho comparsa: Daniel Esteves. Aguardem pra ver!
4. Não deixem de conferir também, a nova edição da Revista Ilustrar, do sempre admirado Ricardo Antunes! Pode baixar que é free!
Aonde eu acho retalhos em português pra baixar?
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