sexta-feira, 1 de julho de 2016

Projeto 21 Dias - 3ª e 4ª Semanas

A esta altura, não funciona mais catalogar os trabalhos do Desafio em semanas... Tanta coisa aconteceu nesse meio tempo que me fez desviar o foco. Claro,como eu sempre digo, a vida acontece. A gente não tem como frear a vida, muito menos impedi-la de acabar... Bom, o importante é que, mesmo com os buracos na estrada, a gente continua em frente. Mesmo com os desvios de foco, eu farei 21 desenhos dentro deste desafio.

Entre os compromissos que me tomaram as semanas anteriores está o Fest Comix, evento bacanudo em São Paulo. Não foi possível desenhar o Desafio enquanto estava lá, infelizmente, mas o evento foi gratificante de qualquer forma. Também palestrei na Pandora, tive a quinta-feira cheia de aulas e por aí vai. A princípio, eu poderia usar meu próprio argumento de que você simplesmente tem que arranjar um tempo, disciplinar a produção e fazer acontecer. Eu sei, eu sei. Casa de ferreiro...

Vamos ver como ficaram os mais recentes?

Disparado o maior sucesso dentre os desenhos do Desafio, a minha releitura de Calvin e Haroldo gerou mais likes do que eu jamais tinha tido no Instagram. No Facebook, foi sucesso também. Fiquei feliz de ver grandes fãs do Calvin se manifestando. Parte desse sucesso se deve, acredito, ao bom uso das hashtages. Lembrem disso quando forem divulgar seus trabalhos. As hashtags são bem interessantes.

Enfim, Calvin e Haroldo são meus personagens favoritos de tira. Fazia tempo que eu queria dar minha visão destes personagens, e o desenho simplesmente fluiu. Gostei demais do resultado. Admiro o Watterson pela obra toda, pelo senso de humor, pela maturidade, pelo traço... Traço esse que é espetacular, coisa linda. Umas linhas expressivas, pesadas e leves. Perceba como ele desenha cenários, dinossauros, planetas, aliens... Tudo é feito com maestria.




Fiz uma versão colorida que virou print limitado no Fest Comix. Pode ser que ele reapareça em eventos futuros.

Depois veio a Enriqueta e o Fellini, personagens do Liniers, da tira Macanudo. Sei que a proposta do Desafio era reler autores que me influenciam, e com certeza o traço do Liniers não é aparente no meu trabalho, mas posso dizer que o senso de humor é muito influente para mim. Existe uma doçura, uma sensibilidade... E uma coisa de nonsense que sempre me agradam. Liniers tem um jeito só dele de fazer humor. Deveria ter colorido este, mas não rolou no dia e acabei deixando quieto. Este foi um dos desenhos que gostei de fazer por ser uma releitura de um estilo totalmente diferente, mas algo no processo não casou direito, e achoque não gostei tanto do resultado. Acho que foi algo parecido com o desenho dos X-Men, algo não clicou.





Entrando numa vibe mais soturna e melancólica, desenhei a capa de "Sleepwalk", graphic novel de Adrian Tomine. Seu estilo é sóbrio sem grandes frescuras ou experimentações, mas as histórias são pesadas, tristes, intensas. Me dá um incômodo, quase a vontade de entrar na HQ e ajudar os personagens, conversar com eles. Tomine também foi uma baita influência do meu trabalho na fase Pieces. Eu nunca lembro de citá-lo como influência, mas aí está, enfim, minha homenagem ao cara.






Então veio o dia de desenhar Van Gogh. Escolhi essa pintura, "At eternity's gate (sorrowing man)" porque ela destoa da produção do Van Gogh um pouco. Geralmente as obras dele são coloridas e cheias de vida, mas esta é uma ode ao sofrimento. Eu costumava ter o desenho dela (a gravura que deu origem à pintura) colada na parede na frente da minha prancheta lá em 2006, 2007. Era um tipo de incentivador, uma forma de mostrar que existe beleza na tristeza. Era isso que alimentou meu trabalho por um tempo, especialmente nas HQs da Pieces. Gosto das linhas vigorosas, mas especialmente gosto da expressão corporal do velho. Me corta o coração toda vez.





E então vieram os dias mais complicados, e fiquei sem desenhar um tempo. Parece coincidência que o desenho do Van Gogh foi feito na noite anterior à notícia de um falecimento na nossa família. Parecia um prenúncio. E o desenho seguinte, feito alguns dias depois, parece a ressaca disso.

Na retomada do Desafio, escolhi uma pintura de Edward Hopper para reler. Gosto muito das cores fortes, quase chapadas. Fico com vontade de desenhar tudo em preto e branco, evidenciando as fortes luzes com fortes sombras, mas optei por colorir o desenho com marcadores, dar mais ênfase à luz com cores do que com preto.

Essa pintura se chama "Sol da Manhã". Durante a produção me lembrei de um desenho que fiz numa aula de pintura da faculdade, em 2007, que tinha uma garota sentada no parapeito de uma janela grande, vendo uma cidade imensa de cima. A sensação de solidão, do espaço interno sendo enorme, mas ainda assim, ínfimo perto do espaço externo eram o que conduziam a minha ideia, e acabei redescobrindo isso no Hopper. Ele traz uma melancolia e uma solidão imensas ao pintar o cotidiano. Isso nos anos 50. Imagina como seria sua visão de mundo hoje?




Por fim, veio o Tintim. Heroi da minha juventude, o desenho animado era meu programa favorito das tardes na TV Cultura. Assisti todos inúmeras vezes, tenho tudo em DVD. Não completei a coleção das graphic novels ainda (olha aí, dica de presente!), mas um dia eu chego lá. O traço super limpo e preciso do Hergé e seu estúdio sempre me impressionaram. Fica a minha homenagem a eles.




Ok, agora faltam apenas dois desenhos. Essa semana já está terminando e não sei se consigo fazê-los. Hoje e amanhã nos preparamos para eventos (minha esposa em São Paulo, eu em Sorocaba), mas se conseguir, postarei como sempre primeiro no Instagram, com repost automático no Facebook, Twitter e Tumblr.






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