segunda-feira, 3 de outubro de 2022

Um Caso de Amor chamado FIQ - Parte 1 (Newsletter)

Este texto foi publicado originalmente na Newsletter Quebra-Cabeça, edição 40, em 19/8/2022. Para receber atualizações e conteúdo exclusivo, INSCREVA-SE! 


      Um Caso de Amor chamado FIQ - Parte 1     


Antes de começar a escrever, eu já coloquei um "Parte 1" no título porque percebi que eu não ia conseguir escrever tudo que precisava sobre o FIQ. Corria o risco dessa newsletter ficar gigantesca e você desistir de ler, hehe. E também, claro, ainda estou processando essa experiência.

Mais de 10 anos atrás, em 2009, eu fui ao FIQ pela primeira vez. Já tinha ido a alguns eventos de quadrinhos em São Paulo e outras cidades do estado. Mas o FIQ foi diferente. Acho que foi a primeira vez que eu me senti, de verdade, um autor de quadrinhos. Já fazia minhas HQs desde 2004 e tinha entrado pra Front em 2007 e pro Quarto Mundo em 2008, mas foi no ano do FIQ que eu publiquei meus primeiros gibis, Pieces 1 e 2. A 2, inclusive, teve seu lançamento no FIQ. 

Foi no FIQ 2009 que eu conheci um monte de gente bacana, meus colegas de profissão e luta, leitores queridos que até hoje me acompanham, profissionais que eu admirava há tempos... Conheci, inclusive, um dos meus ídolos, o Craig Thompson (autor de Retalhos, obra essencial na minha formação como autor). Esse encontro, um bate-papo super amigável e cheio de sentimento, foi possibilitado pelo meu amigo Rodrigo Febrônio, que na época era jornalista e apresentador do programa Banca de Quadrinhos (que passava num canal online e infelizmente, acredito, não deixou um arquivo pra gente rever depois do fim do programa). Rodrigão, te devo essa pra sempre.

Craig e eu super jovens


O FIQ de 2009 foi, também, minha primeira viagem sozinho pra outro estado e isso me contaminou com o amor por viajar e conhecer novos lugares, pessoas, culturas, culinária, etc. Todos esses anos foram passando e voltei a BH 7 vezes, sendo 5 delas para o FIQ. Fui, também para muitos outros lugares, participando de eventos de quadrinhos, dando palestras e aulas, ou só pelo passeio mesmo. Mas Belo Horizonte sempre vai ter um lugar mais especial no meu coração.

Pieces 1 e 2 no estande do Quarto Mundo em 2009


A partir daí, fui a todas as edições do evento, que ficava cada vez maior e melhor, mais cheio de artistas e de público, com a cena dos quadrinhos brasileiros cada vez mais efervescente e prolífica. Até a de 2018, com as incertezas e receios gerados pela situação política pós-golpe, pré-eleição e durante a greve dos caminhoneiros. Foi o último FIQ presencial, porque pouco tempo depois veio a pandemia. E a gente esperou, pacientemente.

Até esse agosto de 2022, com a edição mais recente do Festival Internacional de Quadrinhos! Não é exagero falar do quanto esse evento é querido e importante pra TODO MUNDO nos quadrinhos brasileiros. Pergunte pra qualquer um. Se a pessoa gosta mesmo de quadrinhos e acompanha minimamente a produção, especialmente dos autores nacionais, vai saber que o FIQ é um evento imperdível. E especial.

Vale aproveitar o momento para agradecer e celebrar a organização do evento. Afonso, Lucas, Marina, Gabriel e tantos outros que se esforçaram muito para que o evento acontecesse. Palmas para a prefeitura de BH (o FIQ é um evento do calendário municipal, só isso já é motivo de aplauso), que deu a cada aluno das escolas municipais que visitaram o evento dois vales de R$15! Com esses vales, a galerinha podia comprar quadrinhos, prints, adesivos, etc. Imagina que maravilha ver um monte de criança andando pelo evento, conhecendo autores novos e diversos, encontrando obras que só podiam ser encontradas no evento, descobrindo novas narrativas, traços, ideias! Não, nem precisa imaginar. Isso aconteceu e foi lindo. Eu mesmo vendi metade do estoque de Anne e Saruê para eles, pelos vales. Fico muito satisfeito de saber que essas crianças vislumbraram um horizonte infinito e cheio de coisas interessantes. Fica meu desejo de que elas não se afastem da leitura. E que voltem no próximo FIQ.

A querida Mesa 164 do FIQ 2022


O evento foi sucesso de vendas. De novo. Eu esgotei tudo que levei. De novo! Na edição de 2018 foi assim, eu levei o que consegui nas malas e fiquei sozinho na mesa. No domingo já não tinha mais nada pra vender! Esse ano foi a mesma coisa. No domingo à tarde eu já não tinha mais nenhum livro. Eu juro que não esperava repetir o sold out, mas fiquei muito feliz. Não só pelo dindim, que é importante, mas também porque isso significa que muita gente se interessou pelo meu trabalho e se conectou com ele. 

Aliás, essa conexão, quando rola, é algo lindo. E é interessante: Monstruário chama atenção pelas capas, pela proposta. A maior parte das pessoas que ouve a sinopse já fica intrigada. Mas Pieces tem outra dinâmica. Atrai menos pessoas pelas capas e pela sinopse. Elogiam a arte sempre (eba!), mas a conexão com as histórias mesmo vem com uma conversa mais intimista, onde sse pode conhecer melhor a proposta da série, onde posso explicar um pouco das ideias e propostas de algumas HQs. E quando essa conexão rola, olha, é legal demais. É um tipo de sintonia diferente. Fico sempre muito feliz de receber mensagens comentando a emoção de ler essas HQs, porque elas são importantes demais para mim.

E o FIQ não é só feira e venda de quadrinhos. O FIQ é famoso pelo rolê. Depois que as portas se fecham a cena toda dos quadrinhos brasileiros vai pra algum bar (com altíssimas chances de ser no edifício Maletta) confratenizar. E aí que nossa força aumenta, nosso laços estreitam e a energia especial desses encontros nos renova o amor pelos quadrinhos. É realmente uma celebração. Eu, que moro em Campinas e mal vejo meus colegas e amigos daqui, encontro tanta gente querida que fico atordoado. Até brinquei falando que eu só fico sabendo das fofocas e causos do mundo dos quadrinhos no FIQ, então fazia 4 anos que eu não sabia de nada, haha. E rolaram fofocas e causos, claro.

Essa foto, especificamente, não é do Maletta, e sim da festa da Guará


É difícil explicar o FIQ. Tem mais coisas pra contar, mas deixo pra próxima carta. O que mais importa é que teve FIQ, teve FIQ pra caramba. E foi excelente. Viva o FIQ, vida longa!!!

Te amo, FIQ <3

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