terça-feira, 14 de setembro de 2010

SketchNight!


No último dia 3 de setembro aconteceu aqui em Campinas a primeira edição do SketchNight. Um misto de Bolovo Ilustrado, SketchCrawl e exposição, foi realizado na loja Disorder e teve a organização dividida por Maria Paula Ferraz, Enoc Jr, Fabiano Carriero, Fran e Robson Reis, e da loja Disorder, com apoio da Pandora Escola de Arte. Infelizmente não pude ajudar muito, estava bem cheio de trabalhos.

Bom, vamos por partes.

1. A loja
A Disorder é uma lojha de roupas e acessórios voltados à culutra urbana, ao skate, ao punk rock, ao alternativo. Nada mais justo que abrigasse também exposições de artistas alternativos, como Fabiano Carriero e Márcio Machado.

2. Exposições
Márcio Machado é um nome desconhecido pra mim, conheci o trabalho dele nesta exposição. Caricaturas em PB, com um toque de graphitti, feitas com spay e, acho, nanquim. Achei um pouco apressadas, não sei se esta é a proposta mesmo do artista... De qualquer forma, é um potencial que só tende a crescer. Gostaria muito de ver essas caricas com cores, com mais empolgação e distorções, e quem sabe, em paredes de verdade?

Já o Carriero é um velho conhecido. Foi aluno da Pandora por um tempão, tendo aprendido muito com mestres como Bira Dantas e Paulo Branco, bem como comigo e Ricardo Quintana.

Carriero tem algo no seu desenho.

Ele tem identidade. Nós desenhistas sabemos que não é fácil, não vem rápido e várias vezes, acabamos sendo só um poço de poucas referências que se repetem. Não é o que vejo no trabalho desse caricaturista de mão cheia.

Primeiramente, é preciso conhecer o cara. Vendo o trabalho, vendo o artista, se entende muito melhor da obra conjunta. Carriero tem uma postura, nutrida desde sempre, que mistura o punk rock, o skate, o underground. O urbano em estado puro.

É a crítica e acidez próprias de quem sabe o que diz, de quem sabe o que está errado, de quem luta pra estar onde está. E isso tudo dá muito mais xredibilidade ao seu trabalho. Transita entre caricaturas e charges, cartuns e pinturas semi-abstratas.

As caricaturas, onde distorce as formas sem dó nem piedade, expondo o que é falho pra trazer os pés de todo mundo de volta ao chão, não importa se você está vendo uma mega-celebridade, um astro das antigas, um músico indie ou um amigo. Todo mundo tem falha, todo mundo tem culpa no cartório.

As charges, onde chuta o joelho de certas convenções, de certas convicções, com a sutileza necessária pra deixar o criticado com aquela expressão de "será que isso é pra valer ou é só brincadeira?". Como quando você leva um soco no ombro do seu melhor amigo em meio a sorrisos de comemoração a uma vitória sua.

E o traço, caramba, o traço! Dá pra ver influências das melhores lá dentro. Mas nenhuma delas aparece ofuscando. Tudo se mistura numa bela sopa que é o traço próprio do Carriero. Ao dizer que ao conhecer o artista, se entende melhor a obra, temos aqui uma boa prova. O traço é underground, ácido, distorcido. É punk. Tem mestres como Crumb, Dálcio, Marcatti, Angeli, todos lá, mas sobrepõe-se a todos eles uma identidade construída com esforço e dedicação, o que o torna merecedor. E que só evolui a cada trabalho, a cada prêmio ganho. E não são poucos. E com certeza só vão continuar a aumentar na estante.

Isso, misturado com um respeito imenso e uma humildade sem igual, que parecem incoerentes com o poder do seu traço.

Quem iria dizer que aquele baixinho de fala mansa podia bater tão forte?

Fabiano Carriero posta no Blog, no BrazilCartoon, no Twitter e está preparando o lançamento de seu novo zine, o "Acéfalos", do qual tive a honra de fazer a capa, e ainda dar uma entrevista.

3. Os modelos
Como cheguei tarde saí cedo, não proveitei muito os modelos que estavam realizando performances juntamente com os DJs. Peguei uma das sessões, com Kora e Lucas Conti posando. Numa sala escura, iluminada com luz negra e cheia de enfeites florescentes, em meio a um techno pesadíssimo, contrastavam a música com poses delicadas e suaves, como mímicos querendo dar serenidade a um terremoto.

Abaixo estão os desenhos que fiz deles, todos com caneta pincel. Fazia muito tempo que não desenhava modelos vivos (nem mortos, mas enfim), e que não desenhava com tanta soltura e desapego. Todo mundo devia fazer isso algum dia. Faz a mão dançar no papel, sem compromisso com coerências de luz e sombra ou anatomia e muito menos, de realismo.

É como deslçigar a parte do cérebro que controla todos os códigos que vocÊ aprende em aula de desenho, em faculdade, e com a vida, e simplesmente deixa a imagem entrar pelos olhos e ir direto pras mãos, sem filtros, sem frescura.

É delicioso.





Para saber mais sobre o Sketchnight, acesse o blog oficial, o album no Picasa, e a matéria do site da Pandora e do site do Carriero.

Um comentário:

  1. nossa simplismente, emocionante, legal, saber um pouco o q acha, com sua postura academica, eu fico grato, irei apenas continuar esse nosso objetivo diario, que é rabiscar e aprender, vlw Mario Cau,
    palavras serão lembradas, para sempre..
    lembrando que este é o primeiro texto que fizeram de mim rssr

    abraço do amigo de sempre carriero

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