sexta-feira, 3 de julho de 2020

Acolhida de Aula - Semana de 2 de julho de 2020

Boa tarde, pessoal! Tudo bem por aí?
E esse friozinho? A mão fica gelada pra desenhar!
Hoje, pra começar nossa conversa, queria lembrar de algo que comentei na semana passada com alguns alunos: a ZONA DE CONFORTO.

Fala-se muito sobre a ZdC ser algo ruim, não desejável. Um espaço onde vc terai conforto demais para arriscar coisas novas, dominado pela inércia e receios. "Bom, eu estou bem aqui, por que eu deveria sair?" Esse tipo de pensamento faz sentido, mas é preciso entender que, pensando em desenho, temos dois tipos de zona de conforto.

O primeiro é esse ruim mesmo. É você ficar preso de forma negativa a algo que não te faz necessariamente bem, não te impulsiona à frente. Se a ZdC for regida pelo medo, preguiça, inércia ou falta de conhecimento... Bom, é preciso romper isso e evoluir.

Esse tipo de pensamento, que tá sempre permeado nos discursos de coaches motivacionais, é um pouco complicado quando começa a se mesclar com questões de ansiedade, estagnação não deliberada e o tão popular FOMO. A gente fica pilhado achando que tem que ser sempre diferente,que não pode sossegar nunca, que a vida é para correr atrás, senão você fica defasado... Que sucesso é estar sempre em movimento buscando mais. É uma lógica capitalista de insatisfação eterna, e nós nunca estaremos satisfeitos enquanto não "chegarmos lá"...

Mas fiquei pensando nesses dias sobre a existência de uma Zona de Conforto BOA. Um espaço mental, físico e emocional que te permite realizar tudo que você se propõe a fazer de forma saudável e com qualidade. Essa ZdC acontece, por exemplo, quando você atinge um grau de proficiência no que se propõe a fazer. Garantindo, assim, os resultados com qualidade e profissionalismo (se estivermos falando de trabalho, claro, mas isso se aplicaria a questões emocionais e afetivas, relacionamentos e por aí vai). Quando você atinge esse tipo de "conforto", consegue produzir com certa tranquilidade. O que você oferece como resultado é o que você tem certeza que consegue lidar. E não tem motivo nenhum para você se sentir angustiado e ansioso para sair dessa ZdC quando ela te dá a paz que você precisa para viver tranquilo. Não é porque "ficou fácil fazer" que você precisa ir em busca de algo diferente, mais difícil, mais elaborado.

A questão, então, é sempre o equilíbrio: para um artista, a obra está pronta quando você determina ela pronta, e nosso aprendizado só para quando decidirmos que não queremos mais aprender nada. Eu não gosto muito da ideia de que o artista precisa estar sempre se reinventando. Vocês já devem ter lido, ouvido ou visto artistas (a maioria muito bons!) falando o quanto ainda precisam evoluir, como se fosse um jogo, como se fosse um treino de Dragon Ball pra derrotar um vilão cada vez mais forte... Isso vai acontecer quando você estiver pronto pra que isso aconteça, e é resultado natural de estar imerso noque ama fazer. A busca incessante por ser cada vez melhor não tem um fim definitivo, pois sempre há algo mais pra aprender. Uma questão é que você não precisa aprender tudo sobre tudo. Você tem que ser muito bom naquilo que se propõe a fazer. E se isso te deixar confortável para trabalhar e produzir sem se sentir pressionado o tempo todo pelo medo de não dar conta nem pela sensação de ansiedade e do querer sempre ser melhor, então tá tudo bem.

Notem que nenhuma dessas questões está validando a estagnação. Ficar parado, nunca! Seja pela busca incessante por mais ou a manutenção de algo muito bem resolvido, ambas situações envolvem movimento, continuidade, busca, foco e paixão.

A continuidade da nossa evolução não precisa ser pública, na real: é importante continuar melhorando, claro, mas você só deveria oferecer como possibilidade de resultado aquilo que já domina bem e que garante que faça bem. Essa é a Zona de Conforte que importa. Em paralelo, você pode continuar estudando e evoluindo, mas só ofereça essas novas habilidades quando não tiver dúvidas sobre elas. Nosso estilo, nossa skillset, nosso currículo e portfolio... Tudo é resultado do nosso caminho, esforço, processos. Nada vem pronto e nada vem tão fácil. O que você divulga e mostra é o que você sabe que dá conta.

Imagine que é como como colocar os idiomas que você fala no seu currículo: Colocar que você tem italiano fluente,quando na verdade você mal começou um curso, é dar um tiro no pé. Vai ser ruim pra você. Quando o seu italiano estiver num nível bom, você o divulga. Até lá, continue com o que você sabe fazer bem, enquanto paralelamente, se move para atingir aquele objetivo: aí, sim, você oferece mais algo que sabe fazer.

Reflitam sobre como isso pode funcionar nas coisas que você ama fazer, e as coisas com as quais gostaria de trabalhar.

Espero que não tenha ficado confuso, nem que vocês se sintam validados para inventar uma zona de conforto. Podemos falar disso mais pra frente, mas a questão de se assumir artista e com um estilo resolvido pode ser feito assim, num estalo de dedos: é só dizer que é, só clamar estar pronto. A arte é imensa, cabe tudo. Mas existe uma diferença entre a honestidade e a claridade de estar vivendo o que de fato tem no coração e na mente, e a picaretagem de uma identidade mal consolidada baseada em discurso.

Vamos em frente, como sempre. Com fé, com café e com foco,e mais uma blusinha porque hoje tá tenso.
===========================

@canal MAS GENTE, já acabou? Mas hoje passou rápido demais.Segue uma dica muito boa pra quem pensa em trabalhar de alguma forma como ilustrador. O GUIA DO ILUSTRADOR é  uma das publicações mais importantes da área, é gratuita e em pdf. Você encontra no site da Revista Ilustrar (que eu já indiquei, e também é muito bacana e gratuita): https://www.ilustrarmagazine..com/
É o tipo de leitura que não tem motivo pra não fazer. Vai por mim. :piscando_olho:
Outra dica de conteúdo bom é o canal do nosso professor Murilo Braga: https://www.youtube.com/channel/UCVXjPtmB679zQ3nxS7eX_wg
Lá tem discussões muito importantes sobre arte, e recentemente eleconcluiu ma reflexão sobre os elementos da criatividade.


Pra quem ainda quer mais sobre criatividade, sugiro esse vídeo clássico do Jake Parker, sobre a Creative Bank Account. A forma como ele elabora uma metáfora para a criatividade como um banco é muito bacana.

Segue: https://www.youtube.com/watch?v=46OCXFVqRg4
E depois: https://www.youtube.com/watch?v=Y41apH6pGsQ


E já que estamos na onde de Youtube, o canal The Art Assignment traz um conteúdo muito bom sobre Arte em geral: https://www.youtube.com/user/theartassignment


Espero que os dias sejam bacanas por aí e tragam bons momentos e bons desenhos.
Qualquer coisa, já sabem: É só mandar aqui pro Slack que eu respondo ASAP.


Abraços! Se cuidem!

Nenhum comentário:

Postar um comentário