segunda-feira, 12 de dezembro de 2022

Os Muitos Fins de 2022 - Newsletter

 Oi, pessoal! Hoje compartilho com vocês a edição de número 50 da minha Newsletter, a Quebra-Cabeça. É um marco e um texto muito importante, então gostaria de deixar aberto para todos lerem.

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Oi! Tudo bem por aí? Chegou mais uma peça do quebra-cabeça! Esta é a edição de número 50 da Newsletter!!! É uma comemoração justa porque pode ser a última do ano. E olha que esse ano tá quase no fim e ainda guarda os maiores eventos.
Eita, faz um tempo que não nos falamos, né? Peço desculpas pelo sumiço, mas você anda me acompanhando nos últimos tempos e já sabe como a vida está doida. Tem coisas demais acontecendo com o grande objetivo de me mudar para os EUA daqui... uma semana? Aimeudeus!
Realmente, as últimas semanas foram cheias e essa não está sendo diferente. Vou comentar um pouco a seguir.

         Os Muitos Fins de 2022         


O ano está se encaminhando para o fim. Todo fim de ano eu fico meio melancólico, especialmente no Natal e no Ano Novo. Não deixo de me divertir e celebrar com os meus, claro, mas tem essa coisinha agridoce que sempre me pega. Dessa vez, vou passar as festas longe de todo mundo que amo. Menos de uma pessoa, a que amo mais, a Monica. Acho uma troca meio que justa, visto que nosso ano foi super complicado e estamos há três meses sem conviver ao vivo. 

O fim do ano, no entanto, só acontece depois de um começo. O começo da jornada do casal pinguim, agora juntos, nessa experiência de morar fora. Mas, antes desse começo, ainda tem alguns fins. Você vê, não é obrigatório que algo termine para outra coisa começar, mas tem certos casos que é necessário. Eu só posso morar fora se deixar de morar aqui, por exemplo. E muitas coisas não vão terminar de verdade, apenas vão mudar em diferentes escalas. Há quem acredite que toda mudança é uma pequena morte e, por morte, podemos pensar também em fim. E é de fins e começos que se constroem vidas.

Os fins de 2022 foram muitos. Eu estou falando em "fim" mais por uma questão de efeito dramático do que de sinalizar um término definitivo. Até porque, como disse, nem tudo termina definitivamente. Mas vou continuar a usar o "fim" como demarcação para essas transições importantes que, juntas, somam-se em vazios: espaços abertos para crescer.

Pensando primeiro na Monica. 2022 trouxe o fim do Estágio Probatório e a consequente efetivação como professora da rede municipal de Campinas. Poucos meses depois, também trouxe o fim desse cargo, com a exoneração que foi a última saída para poder ir para os EUA fazer o leitorado. Não foi por falta de tentar achar uma alternativa, até parece que a Prefeitura não queria ajudar (e não quis mesmo). Com o fim desse emprego com o Ensino Fundamental, ela abriu portas para ingressar em uma Universidade, que era o plano desde sempre. 

Outro fim super importante dela foi o do doutorado. Esse grande e importante projeto, que ocupou 7 anos e muitas vezes bagunçou corações e mentes, foi concluído com tanto êxito que ela nem acreditava, achou que era mentira. A comnclusão da tese e a defesa só aconteceram em junho porque se não fosse assim, ela tiria para o Leitorado com isso ainda em aberto e demorando mais 2 anos (ou mais) para concluir, e com a vida andando pra frente, distanciava-se mais e mais da tese, tornando mais difícil voltar à pesquisa e, por consequência, defender. O doutorado da Monica terminou e abriu portas para ir além, agora ditando muito mais as direções.

Agora, pensando em mim... Vários fins. 

Em 2022, eu fiz mais uma vez a cirurgia do adenoma na hipófise, esse tumor babaca que me estragou um pouco o olho esquerdo mas não me derrotou. A cirurgia devia ter sido feita em 2020, mas a pandemia aconteceu. Esse ano, finalmente, resolvemos isso e agora eu estou seguro (se não para sempre, pelo menos por um bom tempo). A conclusão dessa questão, que também foi agendada para acontecer antes da Mo viajar, encerrou minha preocupação com o adenoma e abriu espaço para que minha visão, tanto a biológica quanto a mental, pudesse novamente se ampliar. Já estava cansado de ver o mundo por uma janela estreita. 

Na série de fins, teve também a minha saída da Pandora Escola de Arte. Falei sobre isso anteriormente nas cartas, tudo foi muito bem planejado e refletido por mim. Um término desses não é fácil: é como terminar um casamento. Não importa como está a relação no momento, tem uma história imensa por trás, cheia de nuances e afetos. Minha saída foi super amigável, e talvez eu dê mais drama a ela do que de fato houve com eles, mas eu senti como se fosse o fim de uma era mesmo. Abrir mão desse emprego foi como soltar algumas amarras do balão pra poder voar mais alto, coisa que eu queria poder fazer e por um tempo achei que não ia conseguir. O fim da minha parceria com a Pandora abriu espaços que foram preenchidos com meus projetos e novas experiências didáticas.

Terapia também acabou. A HQ, de fato, tinha terminado sua história em 2018, mas como nosso objetivo sempre foi publicar o segundo livro, não terminaria de fato até isso acontecer. E foram muitos tempos complicados, com proximidade e distância do projeto, até que o universo deu uma ajudazinha e conseguimos colocar o projeto no ar, financiar (ainda que apertado) e lançar o livro. Publicar esse livro foi uma série de vitórias para mim. Como artista é fácil dizer, até porque digo sem medo que Terapia é um dos - se não o - melhores trabalhos que já ilustrei. Mas além disso, Terapia foi engrandecedor para mim como roteirista, editor e gerente de projeto. Terapia não acaba aqui porque eu adoraria que no futuro essa história alcançasse mais pessoas, mas qualquer desenvolvimento vindouro só será possível por termos publicado o livro. A conclusão da saga de Terapia abre espaço para novos projetos, novas ideias e novas evoluções da minha arte.

Teve outro fim importante que rolou mais no ano passado, mas queria mencionar aqui também porque até hoje estou colhendo bons frutos. Depois de mais de 15 anos da série Pieces, fiz uma campanha maravilhosa no Catarse e publiquei Parte de Mim, um livro que é a retrospectiva da minha carreira com a série que me apresentou pro mundo dos quadrinhos brasileiros, que me definiu como autor e artista e que me ajudou a lidar com a vida numa época deliciosa e complicada. Esse livro traz histórias antigas que nunca tinham sido devidamente publicadas e ainda outras novinhas e é um fechamento de ciclo muito especial. Quem leu sabe que tudo começa com um coração partido e falta de rumo... E termina com a compreensão de que nunca somos incompletos se honrarmos nossos pedaços quebrados como parte da nossa jornada.

Os eventos voltaram com tudo esse ano, e a reta final foi bem intensa. O pessoal de quadrinhos deve ter esse consenso de que nosso trabalho vai ganhando momento ao longo do ano para que o último deles seja a apoteose épica prometida. Das grandes experiências, tivemos o FIQ, que foi maravilhoso, a Butantã Gibicon que teve um retorno triunfal e foi como um FIQ em São Paulo e, aí sim, a CCXP, com tudo aquilo. Foram 5 dias intensos e muito satisfatórios. Ainda que eu ache que as vendas dos dois últimos não atingiram a expectativa, os anteriores foram todo acima. Fiquei muito feliz e grato por poder participar desses grandes eventos do ano, porque não sei se ano que vem poderei voltar para eles. A conclusão da série épica dos eventos de 2022 vai acontecer neste domingo com o CAF em Campinas, que por ser mil vezes mais leve que a CCXP, vai ser como um after-party com os amigos. O fim dos eventos desse ano abre espaço para pensar nos eventos do ano que vem... nos EUA.

Um outro "fim" que gerou um lindo começo foi o nascimento do meu sobrinho Pedro Augusto. O fim da gestação acontece simultaneamente ao começo dessa vida fora do útero, nesse mundão muito doido, que ficou mais bonito por causa da chegada do Pedrinho. Ontem eu recebi a visita do meu irmão Lucas, minha cunhada Bia e do Pedrinho e passamos momentos gostosos demais conversando, comendo pizza e nos divertindo do quanto o Pedrinho amou o caranguejo doidão que dei de presente pra ele. O Lucas começou essa madrugada a peregrinação para Aparecida, onde ele chegará no mesmo dia que eu viajo. Dois irmãos em jornadas muito significativas que mudam nossas vidas. E para o Pedrinho, o tio diz que esse mundo é complicado mas eu vou fazer tudo que eu puder para torná-lo melhor pra você.

Tem os fins e tem algumas continuidades. E tem outros começos. Hoje mesmo terminei a última commission do ano e estou fazendo um teste para algo que, se der certo, vai ser bem legal. Tem algumas coisas meio que pré-combinadas, que não dependem só de mim mas que, rolando, serão legais demais. 2023 com certeza vai trazer coisas bem legais, e vou contando para você sempre que puder. 

Posso estar esquecendo de alguma coisa... Mas o texto já está bem grande. Fins e começos têm tamanhos e pesos bem variados e a vida é esse fluxo constante de coisas acontecendo. Todo dia é uma nova oportunidade para começar coisas bacanas. E terminar outras.

O fim desse ano será de celebração e transição para uma experiência muito especial. Eu estou empolgado, mas zen. De vez em quando, ansioso e sei que vou ficar mais. As despedidas são e serão estranhas, porque eu vou pra longe e por um tempo, mas não tão longe por causa da internet e não pra sempre. É algo no meio que a gente só vai saber como será quando acontecer. E estou trabalhando internamente para lidar com tudo isso, e, sinceramente, acho que estou conseguindo manter tudo sob controle. Amadurecer é isso, também.

Estou olhando pro calendário que colei na porta do armário e pensando em tudo que ainda tem que ser feito e resolvido e no fundo eu só queria paz para criar coisas bacanas e descobrir esse novo volume da minha jornada. Tem uma parte de mim que pensa nesses fins e começos como oportunidades para "zerar a numeração" e "começar de novo" com novas energias. E, como acontece com os super heróis que têm sua continuidade zerada pelas editoras, por mais que se recomece, a essência dos personagens está sempre lá, porque é o que mais importa e o que os conecta com o mundo. 

Estamos prestes a começar uma nova fase. Estou empolgado pelo que vem pela frente. Novos projetos, novas ideias, novos desafios. O mesmo coração e carinho. Você vem junto?

 

Feliz Tudo!

 

Se não nos falarmos até o fim do ano, já deixo aqui meu desejo de um Feliz Natal, uma virada de ano maravilhosa e um 2023 repleto de coisa boa. Todos temos nosso sonhos e desafios, e espero que você se mantenha apaixonado para encarar tudo isso! 

RODAPÉ
 
Bom, apesar de desenhar aqui e ali, não ando fazendo muita coisa pra mim mesmo. É claro que com tudo que tem acontecido, fica difícil tirar umas horas para brincar com canetas, pincéis e papéis...

Então na carta de hoje não tem desenho, nem vídeo novo. Tem só gratidão.

Obrigado por me acompanhar por esse ano todo! Nos vemos em breve!

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