Mostrando postagens com marcador opinião. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador opinião. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 19 de setembro de 2019

YouTube - Dois vídeos novos!

E aí,, pessoal!
Você já viu meus novos vídeos no YouTube? Não? Então veja só o que eu preparei para você:

A Teoria da INSATISFAÇÃO - Você gosta do seu desenho? (Ser Autor #004)



Você está satisfeito com seus resultados no desenho, ilustração, roteiro, etc? Gosta do que faz ou detesta tudo que sai no papel? Tenho uma aulinha bacana pra te ajudar a achar um equilíbrio! Como professor e autor, tenho várias teorias que conduzem meu entendimento sobre o que eu faço. Elas me ajudam a ensinar e também a produzir, e, por que não, a entender o trabalho dos outros. Neste vídeo, apresento a vocês uma faz minhas teorias sobre o aprendizado e a vivência da Arte: a TEORIA DA INSATISFAÇÃO! Vamos entender o equilíbrio entre o gostar e o não gostar dos seus resultados?

SKETCHBOOK Walk-Through (Sketchbook Tour #001)



Primeiro vídeo de uma nova série, onde vou mostrar para vocês todas as páginas dos meus Sketchbooks, ou seja, meus cadernos de desenho. Este é o mais recente (até, claro, a gravação deste vídeo). Logo vou postar mais cadernos.


====
É isso aí! Espero que curtam! Não se esqueçam de se inscreverem no meu canal e ativar o sininho pra ficar ligado nas novidades. Dê o seu like e comente (tanto aqui quanto lá).

Abração procêis!

quinta-feira, 6 de junho de 2019

Youtube - QUALIDADE, CUSTO OU PRAZO – O que você prioriza?

Tem vídeo novo no meu canal! Dessa vez, em mais uma coluna #SerAutor, vamos debater a relação entre três aspectos do nosso trabalho como ilustradores (artistas, desenhistas, quadrinistas, designers, etc., e também vale para qualquer área de prestação de serviços!) e como essa relação afeta nosso clientes.


Clique na imagem para assistir ao vídeo

O que você prioriza no seu trabalho? E o que prioriza como cliente? Três âmbitos do nosso trabalho funcionam em conjunto, mas não devemos sempre oferecer a melhor situação das três ao mesmo tempo. Hoje vamos conversar sobre as consequências resultantes de quando optamos por alguma configuração onde um desses âmbitos sai prejudicado. Para isso, vamos usar o Diagrama de Venn e o Triângulo das Restrições! Novamente a proposta é refletir sobre qual é a postura mais ideal, como profissional, para atender seus clientes. A ideia é te convidar a pensar sobre o assunto e alertar para que nós todos paremos de cair em armadilhas onde a configuração de um trabalho nos deixa prejudicado de alguma forma. Concorda? Discorda? Deixe seu comentário abaixo (ou na página do vídeo)! Espero que curtam o vídeo! Assinem o canal, deem um like e compartilhem, aquele lance de sempre. E se tiverem alguma pergunta, é só deixar aí nos comentários e eu respondo assim que puder!

sexta-feira, 24 de maio de 2019

YouTube - Trabalho, serviço ou trampo? - Ser Autor

Na nova entrada da série #SerAutor, proponho uma reflexão sobre três (na verdade, quatro) palavras que usamos para falar sobre a atividade que fazemos para ganhar nosso sustento (e que também podem ser usadas para falar sobre o resultado desse empenho).

Trabalho, serviço e trampo (e também empreendedorismo, que chegou de fininho e acabou ficando) são palavras que carregam em si significados e interpretações que vão desde as definições de dicionário até a percepções dos interlocutores sobre elas e as situações onde são usadas. É uma reflexão sobre pensar e agir como profissional, e como usar essas palavras para falar de sua arte ou atividade pode mudar como os outros percebem você e sua obra.

Assista o vídeo neste link, e não deixe de comentar, dar um like e seguir meu canal!




sexta-feira, 3 de maio de 2019

YouTube - Materiais Fantásticos, parte 2

Oi, pessoal! Tudo bem por aí? Já está no ar, no meu canal do YouTube, a segunda parte de uma pequena série sobre minha viagem ao Japão, em março de 2019. Neste vídeo, vou dar uma de blogueirinho e fazer um UNBOXING dos materiais que comprei nas três lojas mostradas no vídeo anterior. Tem um monte de materiais bacanas! Logo farei a terceira parte da série, com demonstrações e resenhas de alguns dos materiais mais legais dessa lista. Se tiver algum que você gostaria de conhecer mais, é ´so me falar nos comentários. (Se vocês quiserem mais dicas de viagem, posso considerar fazer um vídeo só sobre isso! O Japão é incrível, e apesar de termos ficado pouco tempo lá, tem várias dicas bacanas pra se virar sem estresse.) Espero que curtam! Assinem o canal, curtam e compartilhem, aquele lance de sempre. E se tiverem alguma pergunta, é só deixar aí nos comentários e eu respondo assim que puder!

Para assistir o vídeo, clique na imagem abaixo:



(Para assistir o primeiro vídeo dessa série: https://youtu.be/S_9EVdMfIY0 )

sexta-feira, 25 de janeiro de 2019

Ser Autor - 10 dicas para quadrinistas (André Diniz)

Oi, pessoal! Tudo bem?

Enfim, de volta à nossa (ainda) nova seção do Blog'n'Roll, onde trago informações diversas e úteis para quem quer ser um autor de quadrinhos (mas não só: ilustradores, artistas, roteiristas...). A ideia sempre é abordar algum tema interessante e comentá-lo. Aliás, como sempre, fiquem à vontade para deixar seus comentários após a leitura: agora eu consigo respondê-los!

====
Antes de continuar para a nova coluna Ser Autor, quero pedir desculpas pela demora em retomá-la. Nas últimas duas semanas, além da volta às aulas (na Pandora Escola de Artes), mergulhei na produção do Intermezzo, capítulo de Monstruário Vol.2 que é todo feito em técnica mista. Esse tipo de experiência é muito interessante, e devo falar disso em uma nova coluna muito em breve. 
====

A coluna de hoje traz uma série de 10 dicas para quadrinistas, escritas por ninguém menos que o mestre André Diniz. Para quem não o conhece, o André é simplesmente um dos mais premiados e competentes roteiristas brasileiros. Atuante no mercado independente e editorial há muito tempo, desde a produção de fanzines e a fundação do site Nona Arte, até hoje, com títulos publicados no Brasil e em vários outros países. Entre seus títulos mais recentes, estão "Olimpo Tropical" (com Laudo Ferreira), "7 Vidas" (com Antonio Eder), "Matei meu pai e foi estranho" e "Morro da Favela".



====
Nós já colaboramos em um livro, em 2015, chamado "Quando a noite fecha os olhos", um drama sobre acertar as contas com o passado, solidão e aceitação. Você pode adquirir a sua cópia na minha loja, clicando aqui.
====

Se você é um novo autor de Quadrinhos, começando nesses caminhos da produção autoral, sempre há muito o que aprender. Eu costumo falar bastante sobre o mercado, sobre o dia-a-dia de um autor de HQ no Brasil... Nas minhas aulas, sempre aparecem histórias e conselhos. Acho extremamente valioso quando me aconselham, e fico feliz em poder passar o conhecimento e experiência que tenho para quem se interessar.

Eu produzo HQ, com essa identidade de AUTOR, há 15 anos, e publico há 12.  A experiência é algo essencial, e ultimamente ando vendo que muitos novos autores, ou mesmo pessoas que querem tornar-se autores, têm em suas mãos a ferramente de pesquisa mais poderosa do mundo (a internet) e ainda assim, falham em buscar informações sobre o que querem.


Converso com muita gente pela internet (e ao vivo também) sobre esses assuntos. Boa parte do que explico poderia ser encontrada na internet. Muitas vezes, só seguir os autores favoritos nas redes sociais já é essencial, pois todos falamos disso vez ou outra. Nessas conversas, sempre tem aquele assunto, que parece ser o mais interessante para o novo autor: COMO PUBLICAR MEU TRABALHO?


Se você pensa em produzir Histórias em Quadrinhos e não sabe bem por onde começar; ou se já produz e quer publicar de alguma forma, pensa em editoras, pensa na web, leia o seguinte texto, com certeza vai te dar algum direcionamento positivo. 

Vale acrescentar, no entanto, que essas são dicas e não regras. Todos são livres para interpretar as dicas do André e discordar delas, também. O mais importante, sempre, em relação a essas questões de trabalho é: ser honesto e justo, não prejudicando ninguém; e encontrar um meio de fazer as coisas que te agrade e funcione de fato (aliás, isso também vira uma coluna em breve).


====
O texto abaixo foi originalmente publicado no site Muzinga, em em fevereiro de 2014. Reproduzido aqui com autorização do autor.
====
1:: Esqueça as editoras como o único caminho. Questione até mesmo se elas são o melhor caminho. Uma parte das editoras brasileiras que estão publicando HQs mal fazem o básico do básico: colocar o livro nas livrarias. Divulgação então, nem pensar. Muitas das HQs que vêm se destacando, ganhando prêmios e repercutindo, servindo de passaporte para as editoras sérias, são edições independentes, bancadas e distribuídas pelos próprios autores, ou mesmo HQs na internet. Se você não avaliar como boa a proposta da editora, ou se você não consegue encontrar os outros títulos dela nas livrarias, ela não tem nada pra lhe oferecer. Mesmo que este seja o seu primeiro livro.

2:: Lembre-se de que o artista brasileiro não apenas compete com o que vem de fora: ele compete com a fina nata do que vem de fora. O quadrinho estrangeiro publicado aqui já mostrou-se um sucesso de vendas ou de crítica pelo mundo e justamente por isso ele foi escolhido pela editora brasileira. O que fracasse lá, fica por lá mesmo. Isso só mostra o quanto temos que dar o melhor e mais um pouco do nosso talento e profissionalismo.

3::Se o seu quadrinho é igual ao que já faz sucesso, o leitor vai no produto original. Boa ou não, uma HQ vinda da indústria americana ou japonesa foi produzida por profissionais muito bem pagos, ancorados em décadas de marketing, em personagens conhecidos mundialmente, com investimentos pesados, com equipes de profissionais para tratar de cada detalhe do desenvolvimento desse produto, por empresas que são referências mundiais nessa área. Querer fazer uma HQ igual à que vem lá de fora, repetindo seus formatos, seus estilos, abordagens, temas, apelos etc etc, e competir pelo mesmo público, é o mesmo que uma emissora nova de TV do interiorzão do Brasil, sem prática, sem profissionais qualificados, sem orçamento, lançar uma novela que vai passar no mesmo horário das novelas da Globo.

4:: Tamanho não é documento. Tipo de papel também não. Se a sua HQ for boa, ela vai ser reconhecida independentemente do número de páginas, do formato ou do tipo de impressão. Isso é algo maravilhoso desse nosso cenário das HQs brasileiras. Ninguém se impressiona mais com a embalagem. Se o cara é bom, ele é bom.

5:: Frequente os eventos e vá aos lançamentos. Faça cursos. Não tem melhor forma de conhecer a turma da área, de trocar ideias, de aprender. Sem falar que você tá vendo na prática os autores enquanto fazem suas HQs acontecerem.

6:: Olhe mais pra página, olhe menos pro espelho. Nunca caia na armadilha do ego insuflado. Quadrinhista que se acha grandes coisas é tão ridículo como aquela garotinha de nove anos de idade querendo passar batom porque já se acha adolescente. Ou como o moleque de 13 que fuma e se acha mais homem por isso. Mais: você vai fatalmente se prejudicar. Porque quem se acha perfeito não precisa melhorar em nada, daí fica estagnado e o mundo dá voltas, menos ele. O grande artista vai ser aquele que estiver insatisfeito com o seu trabalho mesmo depois de 70 anos de carreira, que continuará procurando onde pode ser melhor. Será aquele que gosta dos elogios mas sabe relativizá-los. Será aquele que está aberto à crítica, ao novo, a opiniões contrárias.

7:: O que você quer dizer com a sua história? Se você não sabe, algo está errado. Se você sabe direitinho, algo está errado também. Se você sente que há uma resposta, se você até sabe responder em parte, mas não sabe exatamente qual é a resposta definitiva, talvez, aí sim, você esteja no caminho certo.

8:: Só lembrando: mesmo depois de finalizada e publicada, a sua HQ ainda não está pronta. Você só fez a metade. A outra metade, quem vai fazer é o leitor. É ele quem vai finalizar a sua história. Não se esqueça de que ele existe, nem despreze o seu papel. Não faça a HQ só para si, ou ela não chegará a lugar algum.

9:: Não subestime o seu leitor. Não precisa explicar tudo. Sim, ele sabe interpretar. Sabe e gosta. Ele quer conversar com a sua história, não ficar calado, ouvindo só você falar, incessantemente, tudo explicadinho. Ele tem reações espontâneas, não precisa que nada o indique que aqui é pra rir ou que aqui é pra sentir medo. Mais: ele pode querer rir de algo na sua história, que você, autor, não fez pra ser engraçado. Ele tem o direito de discordar do seu mocinho. Não o prive desse direito.

10:: Avaliar a sua própria obra é como se ver em uma foto ou ouvir a própria voz num gravador. Soa estranho, tem algo esquisito, é difícil de avaliar. Afinal, estou gordo ou não? Sou assim mesmo ou é só na foto? A minha voz tá muito diferente. Mas por que a voz dos outros está igual? Se alguém trouxer críticas, sugestões ou opiniões sobre a sua obra, ouça. Se ninguém comentar nada, peça que comentem. Não que você deva acatar tudo: vai ter quem ache longa, vai ter quem ache curta. Mas ouça. Só que ouvir na defensiva, preparado pra rebater tudo o que não lhe agradar, não vai adiantar nada. Apenas ouça, caramba!

P.S.: Sobre a primeira dica: não prego contra editoras. Quase tudo o que lancei de 2005 pra cá foi por editoras e continuo fechando novos projetos com outras das quais admiro, e muito, o trabalho. O trabalho de criação, quando trabalhado em conjunto com um bom editor, ganha muito em qualidade. Esqueça esse papo de que “ele quer interferir no meu trabalho”. O bom editor vai fazer com que você continue dizendo exatamente aquilo que queria dizer, mas de forma muito mais eficiente.
Se o melhor caminho será ou não uma editora, depende de cada projeto e do momento do autor. É uma maravilha que as editoras não sejam o único caminho, o que impediria muitos projetos. Talvez não valha a pena esse seu título seguir para uma editora, e talvez valha a pena esse outro. Mas autores novatos, muitas vezes, vêem as editoras como única possibilidade, e não são. Ao contrário do que possa acontecer com outros meios, nem público, nem crítica, vêem a edição independente de quadrinhos como “o último suspiro daquele cara que não foi capaz de conseguir uma editora”. Quadrinhos independentes são um movimento fantástico, pelo qual praticamente todos os quadrinhistas nacionais já passaram ou ainda estão nele.
Dito isso, não atenuo em nada a importância de se pesquisar: vale a pena com essa editora? E reforço a dica: vá no site da editora e veja o que ela lançou recentemente. Depois, sonde nas livrarias. Não tem em nenhuma? Não encontro esses títulos em lugar algum? Não vi os títulos à venda nas lojas especializadas nem nos eventos de quadrinhos? Então, fatalmente, isso vai acontecer com o seu livro também, sinto informar.
Se a editora não põe o seu livro na livraria, você não tem leitor. Você trabalhou pra ninguém. Suas ideias e o seu suor vão ficar trancados em um depósito, apodrecendo. Você não recebe comissão de vendas, porque não houveram vendas. Você não forma novos leitores nem mantém os antigos. Você não ganha prêmios e ninguém vai fazer uma resenha da sua HQ. Você não ouve críticas e não cresce com elas. Você não vê a reação dos seus leitores. Você não vai ter nota no jornal.
“Peraí, a editora gasta imprimindo o livro mas não o põe à venda? Isso não faz sentido”. Não faz mesmo. Mas acontece, e muito. Claro, para uma editora pequena ou média, ainda é difícil ter os livros em todas as principais livrarias do país, isso é quase utópico. Mas o livro tem que ir para algum lugar. Que se trabalhe os livros em eventos, em pontos de venda específicos, ou que se ache uma solução. Os independentes já acharam.

Vale a pena assinar contrato com essa editora? Eu acho que não.
=====
Então, é isso. Espero que essas dicas sejam úteis. Deixem nos comentários suas opiniões, e em breve voltamos com mais Ser Autor.
Grande abraço!


quinta-feira, 20 de setembro de 2018

Resenha - Terapia pelo Pinguim Tagarela

Oi, pessoal!
Receber resenhas, críticas e opiniões de um trabalho é sempre muito importante para o autor. Seja um trabalho em andamento, já publicado ou mesmo já finalizado, é muito bom saber como a obra foi recebida e interpretada pelos leitores.

Terapia, webcomic premiada que eu, Rob e Marina produzimos por 7 anos, e concluída em 2018, é uma das minhas obras que mais gerou esse tipo de retorno. Seja na opinião sincera dos leitores, na resenha de especialistas, jornalistas ou de outros autores que recebíamos ao longo dos 7 anos, e mesmo agora, com a HQ finalizada, sempre ficamos muito gratos pelo carinho e atenção.

Para os autores, ter esse tipo de retorno é essencial pois nos ajuda a entender o que funcionou e o que não funcionou; como as ideias foram interpretadas a partir do que entregamos e o que poderíamos considerar para o caminho que está à frente.

Essa semana recebemos mais uma resenha de Terapia, dessa vez assinada pela Diovana Cougo de Vargas, do site Pinguim Tagarela! Ficamos muito gratos e gostaríamos de compartilhar com vocês. Então é só clicar no link a seguir para ler. Não deixem de conhecer o trabalho do Pinguim Tagarela, também.

Para ler a resenha do Pinguim Tagarela, clique aqui!

Para ler (ou reler!) Terapia, completa e gratuitamente, clique aqui!

Para comprar o livro Terapia Vol. 1, por enquanto só em lojas virtuais e algumas físicas (eu não tenho mais comigo),então fiz essa busca aqui para vocês.

segunda-feira, 13 de agosto de 2018

Opinião - Do Twitter ao Facebook

Então, um aviso para meus amigos e leitores que me seguem no Facebook
Ontem recebi um email do Twitter avisando que o sistema que eu usava para publicar aqui o que eu publicava lá automaticamente foi descontinuado. Então, oficialmente, o Feice não republica mais meus tweets aqui.

Fui ver se isso também aconteceu com o IFTTT (um site onde você pode cadastrar suas redes e fazer combinações de posts e etc.) e lá, também, o Twitter e o Feice não mais funcionam juntos. Não só isso, como o Blogger e o Wordpress não serão mais repostados aqui.
Sinceramente, por mais que entenda que possam existir explicações lógicas, acho um tiro no pé. Eu fiz esses links entre meus perfis e redes justamente para não precisar ficar entrando em um por um, postando o mesmo conteúdo ou links, o que me atrasava e confundia.
Mas quem entende minimamente das redes sociais sabe do esforço do Feice pra manter as pessoas aqui dentro, tanto que quase ninguém lê mais blogs ou sites.
Enfim, dessa forma, vocês vão acabar vendo muito menos conteúdo meus nessa rede, pois eu costumo postar e interagir muito mais pelas outras.
Abaixo, coloco os links para minhas redes mais utilizadas. Espero que essa mudança não diminua mais ainda a pouca interação que tenho com e de vocês nos posts sobre meus projetos e trabalhos, e vou tentar postar mais coisas por aqui pra ver se as coisas movimentam mais.
===
Em tempo, eu tenho uma página do Facebook, mas que está muito desatualizada. Por enquanto, o meu perfil pessoal é onde as coisas acontecem.
====
Meus links:
Petisco Webcomics, onde publicamos Terapia por 7 anos (você pode ler a HQ completa lá e ainda comentar as páginas): www.petisco.org/terapia
- Loja virtual, onde você encontra prints, livros, artbooks e artes originais: https://mariocau.lojaintegrada.com.br/
- Loja no Colab55, com produtos variados com artes minhas: https://www.colab55.com/@mariocau
- Minha loja no Urban Arts, onde você encontra prints de alta qualidade das minhas artes: https://www.urbanarts.com.br/mario-cau-864/f

sexta-feira, 20 de julho de 2018

quarta-feira, 9 de maio de 2018

Opinião - Propostas absurdas

O que chamamos de "mercado de trabalho para desenhistas, ilustradores, designer, quadrinistas e afins" (chamaremos só de "mercado" pra facilitar, mas já adianto que esse termo vai render uma outra coluna mais pra frente) é um tanto peculiar. Entre projetos incríveis, oportunidades imperdíveis e a infinidade da internet para mostrar e consumir, sempre existem as propostas absurdas, clientes mal-informados (e, às vezes, mal-intencionados mesmo) e armadilhas. É comum entre nós, nas conversas e aulas, compartilharmos essas histórias. Acho inclusive importante, não como combustível de mimimi entre gente rancorosa, mas sim como um tipo de alerta bem-humorado (o desabafo está implícito, sempre) que pode render conselhos e soluções interessantes dos colegas. E, mais importante, pode render aprendizado e autoconhecimento como profissional para saber lidar com essas situações ao longo do trajeto (porque, você sabe, elas vão continuar acontecendo).

Feita essa introdução meio longa, vamos ao fato que me levou a escrever mais esta coluna. Essa semana, minha amiga Mariana Guerra me marcou em um post da página "Vagas Arrombadas" do Facebook. Fui lá, curioso para ver, e encontrei a imagem abaixo:


A incrível proposta em pauta.

Hmm.

O nome de quem fez essa postagem foi apagado pela própria página, obviamente. Mas esse é um tipo de proposta que encontramos e encontraremos pelo nosso trajeto como artistas. Nesse caso, mais especificamente e foco do meu texto, quadrinistas (e aí vale todo mundo no processo criativo, desde o roteirista até o editor). Nada muito novo, mas como a coisa foi recente e eu compartilhei, gerando uma interação bacana com meus amigos e alimentando o post original, vale a reflexão.

A proposta já chega com uma sinopse pronta, e vou supor aqui, que o artista "contratado" não teria muito o que contribuir nessa etapa. O autor proponente parece já ter "tudo resolvido", e precisa de um artista mais como "mão-de-obra" pra produzir as páginas do que como coautor. Se fosse assim, com um pagamento acertado, justo e coerente, e o artista topasse, manda ver. Mas eu sou, sempre fui, muito a favor da coautoria. Isso é, criar junto, elaborar tudo do começo para que o projeto seja não só de uma pessoa, mas de uma equipe toda. Quanto mais definida estiver a ideia e o roteiro originais, e também quanto menos maleável for o projeto, menos espaço um artista tem para se colocar. A ideia da coautoria cai por terra, fazendo do artista "apenas" um tipo de "mão-de-obra contratada".

A proposta também deixa claro que o artista não será pago. Isso acontecerá quando - e se - o projeto gerar lucro. 50% para cada autor (considerando que seriam só roteirista e artista) não é tão absurdo assim, se formos pensar justamente, tanto na esfera financeira quanto artística - a autoria de fato. Agora, qual é a vantagem disso para qualquer artista? Sinceramente, já produzi muito quadrinho nos meus mais de 10 anos de carreira. Já fiz projetos solo, em parceria, como contratado. Em todas eu sempre tentei fazer junto, de forma horizontal. A ideia de mergulhar num projeto de outras pessoas envolve um comprometimento grande... E o que há em troca?

Quero dividir esse pensamento em duas frentes: o trabalho em si, e o pagamento por ele.

Primeiramente (fora Temer), a produção. Roteiro também é difícil, leva tempo e exige criativamente. A gente pode pensar que, para sentar e escrever um texto no Word ou num caderno, é coisa simples. E comparar com o desenho e todas suas etapas, material e tempo, faria parecer que ilustrar é muito mais trabalhoso - e portanto, merece mais pagamento - que o texto. Isso não é bem verdade, pois depende de diversos fatores. Não quero entrar no mérito de comparar essas duas etapas, e estou considerando que o artista nessa proposta fará o desenho, cores e balões. Durante a produção de Terapia, eu cuidei sozinho de toda a produção visual: lápis, nanquim, cores, balões; e também dos posts no site e a maioria dos textos de apoio nos posts. A partir do capítulo 8, eu comecei a ajudar mais ativamente no roteiro. Isso tudo leva um tempo considerável, ainda mais se pensarmos que produzir Terapia nunca rendeu nenhum ganho financeiro (exceto, obviamente, os livros que vendo nos eventos, mas isso fica pra outro texto).

Nunca devemos desmerecer o trabalho do roteirista pela parte mecânica da coisa (escrever de fato), pois há processos intelectuais imensos por trás de tudo isso. E considerar o tempo dedicado como fator de comparação de valor é injusto, visto que tem gente que, para produzir textos, leva dias e dias enquanto existem desenhistas que, em 2 horas, resolvem uma página inteira. Tudo é relativo, e, se no final das contas, os autores (veja, AUTORES e não AUTOR E DESENHISTA QUE TOPOU O ROLÊ) decidem que 50% dos ganhos para cada um é justo, então é justo para eles e ponto final. O que não podemos fazer é decidir de forma injusta para a equipe presumindo valores equivocados para as etapas de produção.

Além disso, pode-se refletir sobre as vantagens artísticas do projeto. Uma ideia de benefício mútuo, evolução artística e profissional, pode fazer com que uma equipe se amigos ou mesmo de desconhecidos se una para gerar um projeto bacana. A ideia é crescer juntos, criar juntos. Todas as etapas têm seu valor no projeto, artisticamente falando. Se o projeto não te parece tão interessante, se não te puxa pelo coração, não te instiga tecnicamente... Enfim, oque tem de realmente relevante para que você se envolva, dadas as circunstâncias (não só nessa proposta em pauta,quando em qualquer outra)?



Segundo, agora sobre pagamento. Tempo é dinheiro. Ponto final. Quem TRABALHA com arte em geral o faz por gostar disso, muito provavelmente, mas porque é um trabalho que gera dinheiro que é usado para pagar contas, como qualquer outro trabalho. A proposta sugere que não haverá pagamento nenhum pro artista. No texto original, consta a pérola: "Você, quadrinista, trabalhará de graça até que a obra seja publicada". E fecha com outra: "Terá que ter disponibilidade para fazer uma página por dia". Ai, ai. Olha, veja bem, eu já fiz MUITO quadrinho de graça. Em certos casos, eu até "paguei para fazer quadrinho", no sentido de que além de não ganhar dinheiro, eu ainda gastei dinheiro (com material, reuniões, contas da casa, compra de exemplares, etc.). Fazer um projeto de quadrinhos sem ser pago por isso é, na real, muito mais comum que o contrário, especialmente no Brasil. Não temos um mercado sólido e gigante que permita esse tipo de trabalho nos moldes dos mercados internacionais. Então, quem faz está realmente dedicando seu tempo e talento para produzir algo no que acredita de verdade. Não critico isso. A minha crítica maior nessa proposta é justamente COMO se propôs o trabalho. A construção da frase  "Você, quadrinista, trabalhará de graça até que a obra seja publicada" beira a arrogância. Não é assim que se busca um parceiro para um projeto autoral sem garantias. Talvez, se a frase fosse melhor construída, não gerasse tanto incômodo.

A ideia de produzir uma página por dia também é um pouco complicada. Isso depende de muitos fatores. Sei que existem roteiristas com exigências imensas em relação à arte, seja em questão de realismo ou estilização, de referências, de detalhezinhos. Quanto mais a produção da página for atender minuciosamente todos os desejos mirabolantes do roteirista (supondo que seja assim), mais tempo leva pra finalizar. E tempo, jovens, é dinheiro. Tempo é a única coisa que você nunca vai conseguir ganhar ou comprar de volta. E nem todo artista consegue, de fato, produzir uma página por dia: ou seu método é elaborado, ou desenha devagar, ou tem afazeres diversos (estudar, cuidar da casa, trabalhar em algo que realmente pague as contas, etc). A questão é de prioridades, também, pois nem todo artist pode ou vai dar prioridade para um projeto destes. Na balança, pesa sempre o que vai pagar contas ou é mais relevante pro artista.

Usando o exemplo de Terapia mais uma vez: no começo, publicávamos uma página por semana, toda quarta-feira. Essa página era feita na mesma semana e costumava levar um dia de trabalho (do layout à publicação, sem contar o roteiro que já estava pronto). Enquanto eu produzia semanalmente Terapia, eu também dava aulas, fazia freelas e produzia o Dom Casmurro. Terapia não dava dinheiro, mas eu tinha como me dar o luxo de focar um dia nesse projeto. Com o passar do tempo, não só eu como Rob e Marina passamos a ter muitos outros projetos, compromissos e problemas, o que fez com que Terapia virasse quinzenal. Houveram vários atrasos na publicação das páginas, o que me comia por dentro. Mas era o que dava para fazer: nunca paramos de produzir, mas desaceleramos. E n~]ao tinha como um exigir do outro mais foco se aquilo não era a prioridade financeira, e em certos momentos, nem artística. Hoje, estou desenhando o segundo volume de Monstruário, totalmente sem financiamento. Ou seja, faço porque quero, mas principalmente porque é um projeto meu (e do Lucas, claro) no qual acredito muito e pelo qual eu sou um dos responsáveis. Enfim, o nível de dedicação exigido não é compatível com a proposta de pagamento, mesmo considerando que possa gerar lucro com vendas mais pra frente.

No caso, o meu conselho é simples: fazer parceria em projetos de quadrinhos (visto que a maioria não envolve dinheiro garantido e/ou rápido), envolve afinidade, comprometimento e crescimento mútuo. Não é para não fazer. É para, se for fazer, entrar sabendo das condições e com pé no chão.

Esse nível de exigência da proposta pode até mostrar que o autor (e, provavelmente, o projeto inteiro), não são profissionais, e sim a coisa toda é um projeto de início de carreira, uma aposta, um sonho. E não dá pra exigir do parceiro de trabalho prioridade e dedicação total em troca "de nada - ou pouco". E é muito provável que os artistas que se interessem pela proposta tenham, de fato, tempo e vontade de se dedicar, mas é provável também que sejam artistas iniciantes, sem muita vivência (note que isso não tem a ver com a qualidade do trabalho). Veja só, pela proposta, eu imagino que o roteirista não aceitaria fácil um artista novato com trabalho ainda cru; e artistas, profissionais ou não, com um trabalho bem desenvolvido e vivência na área, dificilmente embarcariam num projeto com essa proposta. Temos aí, então, um problema.

Vamos comentar rapidamente o tipo de "venda" desse projeto, proposto pelo autor: Amazon, Social Comics e, quem sabe, editora tradicional". Talvez o autor que fez a proposta não conheça direito o mercado de quadrinhos brasileiro. Talvez conheça muito bem. Eu não faço ideia, não sei quem é a pessoa. Mas deduzo que não conheça bem, pela proposta. Enfim, vendas de e-books na Amazon são muito, muito pequenas. Ainda temos a cultura do impresso muito forte, e muitos leitores preferem pagar mais pelo liro do que menos pelo e-book. Sucessos de vendas em e-books são, invariavelmente, produções de muito apelo popular, e nem sabemos como isso seria no caso da proposta em pauta.

Social Comics é complicado, não sei dizer se tem sido lucrativo para os autores. Para mim, não é muito. Mas é bom ter seu material lá. Segue a mesma lógica da Amazon, misturada ao Netflix. Se for muito, muito lido, rende mais dinheiro. Para ser muito lido, precisa ser muito popular e/ou muito bom, e precisa de usuários na plataforma para ler. Uma vez que os usuários que se interessam pelo seu título já o leram, dificilmente vão ler de novo. Então, se não há qualidade suficiente e aumento constante de leitores na plataforma, não adianta que não vai render muito dinheiro.



E sobre editoras, a conversa é longa, mas resumindo: a editora precisa ter interesse na obra, porque vai produzir um produto que precisa ser vendido. Pra vender, tem que ser popular e muito bom,e quase sempre, feito por autores que já têm uma experiência e um nome mais ou menos formado. Nada garante que seu projeto vai ser interessante o suficiente para uma editora publicar, e se o fizer, vai lidar com tiragens provavelmente muito pequenas, que vendem a longo prazo, e que rendem aos autores cerca de 10% do preço de capa (para dividir entre eles, não para cada um). Ou seja, tem que vender muito, muito mesmo para gerar muito dinheiro. E o ciclo continua.

(Em tempo: eu não sou contra publicar por editoras, mas é preciso conhecer o mercado e como isso funciona para não criar ilusões de um mundo ideal, não compatível com nossa realidade. Gostei muito de trabalhar com a Balão e a Jupati, por exemplo).

Enfim, não quero que esse texto seja totalmente definitivo, e não estou dizendo que os quadrinistas não devem entrar em projetos (como este, principalmente, não deveriam, mas cada um sabe o que faz). O mais importante é não se envolver com armadilhas ou projetos que não te considerem como coautor, e vão usar o que você produz de forma injusta. No final das contas, o que você decidir deve ser bom para você. Na dúvida entre um projeto maluco, com cliente/parceiro exigente demais e sem possibilidade de criar junto, e um projeto pessoal, prefira sempre o segundo.

O post original, com muitos comentários (a maioria criticando a proposta, ainda bem), está no Facebook. Clique aqui pra ir direto lá.

Espero ter sido útil! Apesar disso ser totalmente old school, podem deixar comentários aqui, e agradeço demais se compartilharem esse conteúdo pelas redes com seus amigos, desde que, claro, coloquem os créditos do texto e o link pro post original. Abração procêis.

quinta-feira, 3 de maio de 2018

Opinião - Sobre a vida de artista...

Um tempo atrás, recebi um email do Rodrigo, me perguntando sobre vários aspectos da vida de quadrinista, professor, artista, ilustrador... Enfim, tudo o que eu faço, meu trabalho.

Não é a primeira vez (e, com certeza, não será a última) que alguém me pergunta sobre isso, e as respostas são sempre tão longas e precisam de tanta elaboração, são tão relativas, que a cada vez que respondo penso que deveria ter salvo tudo aquilo para disponibilizar aqui no Blog. Isso pode ser útil de verdade para alguém, que como o Rodrigo, tem interesse em se aprofundar nas áreas em que eu atuo, assim como para novatos que têm interesse no funcionamento do nosso mercado (esse termo é meio complicado, mas vamos deixar a discussão sobre existir ou não um "mercado" pra próximos textos...).

Seguindo o conselho da minha esposa, vou começar a reunir essas respostas aqui no Blog, com a esperança de que elas possam ser úteis a mais pessoas. Meu tempo é cada vez mais escasso para poder me dedicar a falar por um longo tempo sobre isso para uma pessoa de cada vez. E tem muitas informações que são específicas para cada caso, mas também tem muita coisa que serve pra muita gente. Pretendo, em breve, fazer mais compilados desse tipo de informação.

Abaixo, segue um resumo, editado, da pergunta do Rodrigo, e a minha resposta na íntegra. Ah, em tempo, o Rodrigo me autorizou a publicar a resposta. Valeu, Rodrigo! Espero que tenha sido útil de verdade.

P: Conversei com você na Comic Con, do ano retrasado. Falei que tinha lido suas histórias, uma que falava que você tinha aprendido muita coisa sobre arte na Unicamp, mas de uma outra maneira.(...)
Temos afinidades, gosto do seu trabalho, e acho que é proveitoso trocar experiências com você.
Num fórum que você participa, voce comentava sobre como viver dos quadrinhos, ou da arte de desenhar. 
Bem, queria saber sobre isso com você. Como você faz para viver dessa arte, do desenho? Você disse que dava aulas também. Onde? Que sugestão dá para alguém que queira viver do desenho? (...)
Tenho tentado viver do design gráfico. Estudei Artes Visuais e atualmente faço Produção Editoria, mas é um mercado difícil. Queria saber que sugestão daria? (...)

R: Oi, Rodrigo. Tudo bem?

Bom, cara, vou começar sendo bem sincero: muito do que você está me pedindo só daria pra te ensinar/passar/instruir em um curso ou num longo papo, e eu infelizmente não posso fazer isso via e-mail. Eu já conversei com muuuitas pessoas pela internet (e ao vivo também) e sempre fico com a impressão de que não consegui passar tudo oque é preciso, tudo que apessoa quer... E isso é porque não tem como, mesmo, hehe. Não por email, chat, etc.

Tem muito conteúdo  importante que um artista precisa ter para ser um bom profissional. Não é só técnica de desenho, tem todo um lance de gerenciar o próprio trabalho e projetos, negociar, saber lidar com clientes, saber o valor do seu trabalho... Você já tem uma graduação boa, tá fazendo mais um curso, e nosso lance é estar em constante evolução. A gente nunca está pronto, porque nunca deveria deixar de buscar novas soluções, aprender técnicas e estudar referências. Enquanto estiver vivo e curioso você vai evoluir como artista, designer, editor... 

De qualquer forma, veja só, eu me formei em Artes Visuais. Nada na minha graduação foi direcionado para HQ ou ilustração. (Nem minhas aulas na faculdade de educação e pedagogia foram realmente decisivas pra meu trabalho como professor.) Mas, no que diz respeito a ser artista, a graduação me forneceu uma experiência incrível e eu evoluí muito como artista, mas porque estava disposto a conhecer mais, a explorar mais. Antes da faculdade, fiz uns 4 anos de curso de desenho com dois professores. Um deles é um gênio, um artista múltiplo e que ensinou muuuuito, mas que não tinha conteúdo para HQ, não do jeito que eu buscava. O segundo era um veterano datado e que não entendia o mercado atual, mas que me ensinou bastante mesmo assim. Fiz outros vários cursos livres, workshops, palestras, etc. Estava sempre em busca de mais, queria conhecer mais, me inteirar melhor, estar no meio, no mercado, inserido. Participei e participo de coletivos, grupos de autores, listas de discussão. 

Mas além de tudo que eu estudei ao longo da vida, o que mais me fez evoluir como artista profissional foi produzir. Produzir muuuito. Outra coisa que ajudou foram as parcerias que fiz com outros autores que assim como eu estavam começando, e não ganhei nisso só experiência e contatos, mas tbm fiz grandes amigos. Não importa se oque vc fizer vai dar grana ou prêmios ou fama. Isso não importa. O que importa é vc investir no que ama.

Mas tem a parte financeira que é um dilema. Bom, eu ganho a vida e pago minhas contas, ainda que sem imensos luxos, com arte. Já fui professor de ensino médio e fundamental, de Artes, em colégios. Hoje dou aulas de desenho, HQ, ilustração, cartum, etc, na Pandora Escola de Artes, em Campinas, onde moro. Dar aula de desenho (ou outras coisas que vc domina) é mto bom pq te faz sempre revisitar as raízes e os fundamentos, e claro, colaborar com o crescimento de novos artistas. Mas, pra dar aulas, vc não precisa de graduação necessariamente, depende do lugar. O que importa mais é ser um bom desenhista, um bom professor e um cara bacana, hehe

Além de dar aulas, eu faço freelas de ilustração e HQ para diversos clientes, grandes e pequenos, através de agências, produtoras, editoras, etc. Tudo que veio de trabalho nesse sentido foi por indicação de outros artistas e profissionais, por ter protfolios online em diversas plataformas e por ter corrido atrás de conexões e networking.

Quadrinhos é o que eu mais amo mas é o que menos dá dinheiro. Eu faço e sempre fiz por amor e como investimento na minha carreira, no meu trabalho, no mercado nacional, etc. Eu vendo os livros, produzo material independente, estou nos eventos, mas não posso nunca contar só com o que vem do meu trabalho em HQs pra sobreviver.

Meu conselho seria vc buscar  empregos fixos e que te paguem de forma justa nas áreas que vc domina e gosta. E gradualmente ir fazendo seu nome, criando um bom portfolio, fazendo contatos, evoluindo. Se vc tiver como pagar suas contas e ainda assim se dedicar a arte, seja em projetos pessoais ou freelas, isso é maravilhoso. Tira um peso grande das costas, hehe. E vc produz com mais tesão.

Seu trabalho é legal, vi seu portfolio. Gostei mais, na verdade, do que vc faz em diagramação,desigm, tipografia. Os desenhos e pinturas digitais são legais mas ainda precisam de muito estudo em anatomia, perspectiva, luz e sombra, estilização... Ou seja, vc precisa estudar mto mto mto desenho. São os fundamentos, aquelas coisas meio chatas e repetitivas, mas que vão solidificar seu estilo e te encher de repertório, técnicas e soluções pra que seu trabalho fique cada vez melhor e mais seu. Tem potencial, sempre, mas precisa evoluir mais e mais pra que o mercado te veja como o profissional que vc almeja ser.

Bom, empolguei e escrevi muito mas espero ter ajudado. Não é fácil, cara, ser atista e viver disso. Mas tbm não é impossível. Depende muito das escolhas que vc faz e de como vc entende o mercado, e do que espera dele. Mas lembre que não é sobre ser famoso, rico e fodão. É sobre fazer o que ama, conseguir pagar as contas de forma honesta e ser eternamente curioso e focado em melhorar. 

Abração e boa sorte!

terça-feira, 1 de maio de 2018

Opinião - O fim da Gibiteria

A Gibiteria, uma das lojas de quadrinhos mais charmosa, vai fechar. Já rolou uma promoção de descontos para liquidar o estoque, comemoração em presença de vários autores, jornalistas, leitores.. Infelizmente, não pude ir. Mas fica aquela dorzinha no coração de saber que essa loja, que foi capitaneada pelo Sr. Otávio, um grande cara, e sua filha Aninha e também o Guilherme, É, pessoal, isso é muito triste. Como não só leitor, mas autor de quadrinhos, sinto muita tristeza de ver uma das maiores e melhores lojas de HQs fechando assim, "de repente". 

Claro que existem todos os problemas que tantos outros já citaram... É uma época muito estranha em vários sentidos. Economia, educação, cultura, interesses, preconceitos, inércia, etc. Temos grandes eventos e interesse maior na produção de quadrinhos, e também uma produção incrível e efervescente... e, mesmo assim, a Gibteria fechou. 

Por não morar em São Paulo, era sempre difícil ir até lá. Mas sempre que tive o prazer de ir, era muito bem atendido. Você podia pedir indicações, opiniões, debater os temas e nerdices, a níveis superficiais e profundos. Dava pra sair de lá e ir comer alguma coisa por perto, tomar uma cerveja com amigo, curtir a vida toda que tinha lá na praça Benedito Calixto, especialmente quando tinha a feirinha... Para mim, era sempre um evento ir lá. Era delicioso, mesmo se fosse só pra bater papo. Sempre teve muito carinho e paixão na Gibiteria.

E esse carinho e essa paixão abria portas para os autores, de todos os estilos e níveis. Tive o privilégio de ter meus títulos lá, disponíveis, mas mais ainda, de ter feito eventos de autógrafos, lançamentos e debates. Encontrar os leitores já amigos, e conhecer mais gente nova que foi lá pela curiosidade e acabou conhecendo meu trabalho por acaso... Apesar da rede social,da internet e toda essa (aparente e potencialmente inútil) divulgação que ela proporciona, a loja era o lugar no mundo real onde as coisas aconteciam. 

Você pode, inclusive, ir lá até dia 5 de maio e aproveitar os descontos de bota-fora.

Muito foi falado sobre esse fechamento da Gibiteria. Tem texto do Ramon Vitral (Vitralizado), do Carlos Neto (Papo Zine), do Gabriel Bá, e de muitos outros profissionais da área. É uma perda real, pro mercado e de nível emocional, também. Todo mundo está falando sobre, mas gostaria de reforçar algumas considerações.

Fala-se que a onde de filmes, seriados, video games e etc baseados em HQs aumenta a procura por elas e, portanto, alimenta as lojas. Não é porque os filmes baseados em quadrinhos levam muita gente aos cinemas que isso reflete no interesse por ler quadrinhos. Na maioria das vezes, esses filmes são baseados em grandes franquias com décadas de história e pro leitor comprar só um encadernado e ainda conseguir se divertir é raro. Quem é leitor de quadrinhos como eu fui (comprava vários títulos mensais, corria atrás de edições antigas e lia as notícias sobre) sabe que a cada ano que passa é mais difícil acompanhar os personagens sem precisar se envolver com mega-sagas. 
Envolve gasto, envolve ler muito, envolve se envolver e a maioria das pessoas só quer mesmo se divertir com filmão.

Produzem poucos filmes baseados em quadrinhos menores, o que atrai menos leitores pra esses quadrinhos (que são geralmente bem mais interessantes do que os mainstreams)

(Ainda sobre cinema, no fundo, acho que a bilheteria está caindo assim como os leitores, mas como a escala ainda é muito grande, não dá pra comparar. Só sei que os cinemas devem estar sentindo isso ao longo dos anos.)

Sobre quadrinhos, nós temos experienciado uma das melhores fases de produção de quadrinhos no Brasil. Sei que não vivi as outras épocas como autor, e cada época tem suas particularidade de mercado, economia e cultura, mas hoje, como autor e leitor, eu vejo uma multiplicidade de temas, estilos, propostas, edições... É muito rico. Mas produz-se muito e consome-se pouco. Muito da nossa produção é consumida pelos próprios autores. Sempre penso que, num país imenso e cheio de gente como o nosso, ser difícil esgotar uma tiragem de 1000 exemplares em 5 anos é ridículo. Ridículo. Essa tiragem deveria acabar em um semestre. Mas enfim, várias coisas a se considerar sobre isso. 

O meu ponto é que assim como música, cinema, literatura, tem quadrinhos pra todo e qualquer público. Mas essas HQs raramente estão na banca. A maioria se encontra em eventos, e mesmo em lojas online, mas isso depende de um envolvimento maior dos leitores e do leitor em potencial, que não quer nem sair do site/app do Facebook pra ler um texto num blog, que dirá sair de casa pra ir num evento ou fuçar a internet em busca de autores com obras que lhe interessem. Isso acontece, como sempre, só com os leitores realmente engajados, e eles, apesar de serem essenciais pro nosso trabalho, ainda são poucos. 

Se esses leitores, mesmo engajados, não vão às lojas de quadrinhos... o que será da loja?

As lojas de quadrinhos, em vários casos (não todas! E também não cito nomes porque desconheço as razões pelas quais essas situações acontecem), têm uma relação confusa com os autores: querem o material para venda. Mas na maioria das vezes, esse material fica em prateleiras sem que os vendedores as indiquem ou trabalhem qualquer marketing em cima dos títulos. Ficam à deriva para que algum leitor, na sorte, os encontrem e gostem e comprem. E como sabemos, a maioria dos leitores vai às lojas e acaba se interessando pelo que tem mais marketing em cima, ou pelo que ele já tinha em mente quando foi lá.

Mesmo quando os vendedores são empolgados, conhecem tudo e indicam, ainda assim o movimento não deve ser tão grande a ponto de tornar o negócio sustentável e lucrativo. Como o Gabriel Bá disse no texto dele sobre a Gibiteria, é uma coisa que é muito mais pela paixão do que pelo lucro (e coloca aí, mas sem expandir essa parte, que funciona do mesmo jeito pros autores, querendo ou não).

Só que mais que isso: as lojas na maioria não paga os autores. Nem adiantado com desconto, nem depois pela consignação. Costumam levar anos pra fazer acertos pequenos, o controle de estoque é confuso, e o autor tem que cobrar essas coisas, assim como relatórios de venda, sendo que isso deveria ser função e responsabilidade da loja. Muitas vezes, só recebi meus acertos por ter ido atrás e cobrado,ficando naquela situação chata (eu pelo menos me sinto super encabulado de cobrar as pessoas das coisas que elas deveriam fazer).

Vários amigos e colegas meus, autores e editores, têm a mesma opinião. Alguns desistiram de ter os títulos em lojas e vendem só pela internet e em eventos. Acho que a ideia é, "já que é pra ter quase todo o trabalho, pelo menos fazendo por conta eu recebo mais e em menos tempo". É certo que livrarias também estão nessa toada. É só pesquisar sobre os calotes e dívidas das grandes redes com as editoras: ninguém escapa.

É complicado, pois precisamos desses pontos de venda, mas a relação é, em quase todas as vezes, complicada e dá uma desanimada... 

Não quero deixar esse texto só com reclamações, mas achei interessante colocar esses temas pra discussão. Se você acompanha meu Blog já sabe que eu escrevo pouco aqui, geralmente divulgo eventos e lançamentos. Quero mudar isso, e começar a ter mais conteúdo relevante para autores, especialmente para os novos autores que precisam de orientação, conhecer mais do mercado e ter uma visão de quem está vivendo a coisa toda há tanto tempo. E, para isso, é preciso acompanhar oque acontece e ter uma visão ampla e crítica. 

Fazer quadrinhos é maravilhoso e não vejo minha vida sem isso. Por isso, cada derrota, por mais que pequena, nos afeta: leitores, autores, jornalistas, editores e também, claro, os lojistas. Nosso mercado é frágil, pequeno demais, e precisamos lutar para manter esse pouco que temos vivo para que possa, com esperança, crescer e se fortalecer.

Conto (contamos, todos nós) com você também, para isso. Se você curte quadrinhos,seja como leitor ou autor, mergulhe de cabeça. Frequente as lojas. Se não tiver lojas perto de você, tente comprar com os autores, com lojas de quadrinhos menores que mandem pelo correio. Eu sei que os preços que a Amazon pratica são muito convidativos, mas é complicada demais essa mudança de paradigmas e valores que eles estão impondo. E isso n]ao é pelo bem da cultura, é apenas financeiro, e prejudica demais os autores e editoras, não prejudicando els próprios, a Amazon. Enfim, isso é combustível pra outro texto, mais pra frente.

Se você leu até aqui, agradeço demais ela atenção e carinho. Não deixem de comentar, compartilhar, acompanhar. Nos vemos por aí. 

E obrigado, Gibiteria! <3 div="">




quarta-feira, 18 de abril de 2018

Opinião - Arte de quadrinista é censurada em evento

Castanha do Pará é uma graphic novel incrível, escrita e ilustrada pelo Gidalti Moura Jr., e foi publicada de forma independente e, 2016. No ano seguinte, foi premiada no primeiro lugar da novíssima categoria "História em Quadrinhos" do Prêmio Jabuti, a mais prestigiada e importante do meio literário no Brasil.

Gidalti, cuja obra também foi indicada ao Troféu HQMIX na categoria "Edição independente de autor", mereceu demais o Jabuti. É uma baita honra, ainda mais na estreante categoria que, finalmente, premia Quadrinhos. O livro é magistralmente ilustrado com pinturas em técnica tradicional, aquarela e tudo mais. A história é envolvente e aborda um menino de rua, o Castanha, e duas desventuras pelas ruas de Belém. Uma das coisas mais interessantes do livro é que as crianças aparecem com cabeças de animais, enquanto os adultos têm cabeças humanas. Castanha, o protagonista, tem a cabeça de um urubu.

Mas esse texto aqui não é (só) para elogiar o trabalho do Gidalti. É para expressar minha indignação com uma censura que o autor sofreu em um evento. A exposição que, vejam só, era em Belém, palco da história do livro, aconteceu em um shopping da cidade. A justificativa para a censura foi que a curadoria da exposição achou que a obra era ofensiva à Polícia Militar.



Vale explicar, como pode-se ver pela imagem abaixo, que a ilustração mostra o menino Castanha fugindo de um PM, no Mercado de Ver-o-Peso, famoso cartão postal da capital paraense. Não tem, na opinião deste que vos fala, nenhum tipo de ofensa ou até mesmo crítica à PM. O que tem de tão errado, tão ofensivo, na ilustração? Tem algo nela que seja mentira e que denigre a imagem da PM?  É apenas uma cena da HQ que sintetiza a trama. Tem um policial perseguindo um menino de rua numa feira. Isso acontece. Nem todo policial é violento, ou de má índole, nem todo menino de rua é bandido. Claro, em uma única imagem é difícil de expressar tudo que a obra completa traz, mas funciona muito bem.



O próprio autor se manifestou em seu perfil no Facebook:

“Sobre censura à capa de meu livro em exposição em Belém, gostaria de declarar total repúdio aos conceitos arbitrários que classificaram a imagem como uma ofensa à polícia militar. A retirada da obra do evento é um gesto que vai contra valores fundamentais que defendo, dentre estes, a liberdade de expressão. A obra é ficcional, tem caráter lúdico e expõem situações rotineiras nas metrópoles brasileiras. Quem a compreendeu como apologia ao crime e/ou a desmoralização da polícia militar, o faz de forma leviana e sem ao menos ler o livro “Castanha do Pará”. A retirada da imagem da exposição é uma vitória parcial da ignorância, do medo e de forças antagônicas à liberdade”

Acredito que censurar a obra pela possibilidade de ser interpretada erroneamente e fora de contexto foi uma escolha péssima da curadoria. Emudeceram a voz do autor. Ao invés disso, deveriam, talvez, fazer algum tipo de suporte às obras, com legendas, informações, sinopse, etc. Não sei se isso estava disponível na exposição. Talvez conversar com o autor e propor uma alternativa, outra arte, sei lá.

Colocar uma faixa preta em cima de uma obra de arte é pior do que tirá-la da exposição. É pior do que pedir pro artista fornecer outra arte. O fato de haver uma faixa preta cobrindo uma obra é mais do que censura, é uma mensagem. É um jeito de tornar conhecida a atitude da censura, expor a todos que vêem que houve a censura. Como a fizeram é uma coisa lamentável. Não só para o artista e sua obra, como também para todo mundo que poderia apreciar o seu trabalho e querer conhecer mais, adquirir o livro, pegar um autógrafo, prestigiar o quadrinho brasileiro, e mais especificamente, o nordestino, que tem autores e obras incríveis.

Ver um tipo de censura a uma obra dessas dá um gosto amargo na boca. Estamos vivenciando uma época estranha onde manifestações artísticas são mal e porcamente interpretadas e tiradas de contexto para sustentar discursos ridículos. Revoltas e xingamentos caem sobre artistas, obras, museus e até os patrocinadores. Sinceramente, em um país onde nosso analfabetismo funcional é ainda tão absurdamente alto, é evidente o analfabetismo artístico, imagético, poético. Não é fácil apontar "culpados", nem é esse meu objetivo aqui. Mas não dá pra negar que o ensino em geral nunca priorizou a arte ou a possibilidade e expandir pensamentos, ideias, conceitos, valores através de uma visão mais esclarecida dela. Falta muita arte na vida das pessoas, mas mais ainda, falta conhecimento, informação, opinião formada de verdade em vez de preconceitos e memes.

Espero que esse tipo de coisa não aconteça mais, e se acontecer, que nossos colegas artistas, leitores, editores, jornalistas, pesquisadores, etc, não deixem barato. Esse tipo de coisa não pode acontecer. Não podemos deixar que voltemos Às práticas de uma época sombria, violenta e sem liberdades.

Para adquirir Castanha do Pará, acesse esse link (Ugra Press)

Você pode ler mais sobre o ocorrido:
Vitralizando, que deu a notícia.
Ramon Vitral conversou com o autor e a curadoria do shopping.
Tiago Regero, d'O Globo, entrevistou Gidalti e a curadoria da exposição.
O Grito